Puno é uma cidade curiosa: casas e edifícios (de até três andares) com tijolos aparente e caindo aos pedaços é tudo o que você vê ao chegar por lá. Durante todo o trajeto até o
Terminal Rodoviário de Puno, fiquei bem surpreso com a estrutura da cidade.
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Plaza de Armas de Puno, Peru |
Muito bem localizada, geograficamente,
Puno está na rota de passagem de todo mundo que vem/vai para a
Bolívia (principalmente para
La Paz) e
Cusco. Apesar de ser tudo meio turbulento e inquietante, esta cidade me conquistou.
Chegamos ao hotel com tempo apenas para fazermos o check-in e arrumar um táxi para irmos ao
Porto de Puno (como já contei no post anterior.
Clique aqui para ler).
Rebeca e Humberto não quiseram ir pois estavam sofrendo do "
mal da altitude" (falarei sobre isso posteriormente). Minha mãe e a Dulce quase não saiam do quarto para irmos e eu já aflito no saguão do hotel, mas... conseguimos.
O táxi nos cobrou
S$4,00 (aliás, qualquer corrida em Puno custa isso - não esqueça: negocie!) e apressamos o passo até a área de embarque, onde também está localizado os "guichês" de compra dos tickets para irmos até às
Islas Uros. Assim que você chega por lá é imediatamente abordado por vendedores querendo que você compre o passeio com eles. Resistimos. Fomos até o final da passarela de embarque, olhamos os barcos e voltamos para comprar.
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Porto de Puno, Peru |
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Área de Embarque no Porto de Puno, Peru |
Embarcamos optando pela empresa
Servicios Turisticos Victor Class. O barco é grande, com uma área fechada na parte de baixo e a possibilidade de até seis pessoas navegarem pelo
Titicaca na parte ao ar livre. Pelo passeio
pagamos S$10,00 (dez soles), uma taxa de acesso às
Islas Uros de S$5,00 (cinco soles) e, partimos pontualmente às 16h00 - horário de saída do último barco (programe-se bem quando você for).
O passeio tem duração de 2h é fabuloso.
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Dulce, minha mãe e eu |
A medida que o barco se distancia da costa você vai ficar ainda mais encantado com a imensidão do
Lago Titicaca e seu azul fascinante. A correria do atraso fez com que tivéssemos um presente: uma luz incrível para as fotografias, já que curtimos o pôr do sol navegando pelo
Titicaca. Acabou sendo melhor que a "encomenda".
A medida que o barco se aproximava das
Islas Uros eu fica mais animado e empolgado. Elas são a principal atração desta região devido sua singularidade e tipo de construção. Foram criadas, literalmente, do nada. São feita de
totora, uma espécie de junco que cresce nas margens do Lago, são
comestíveis (o sabor lembra um palmito) e servem para fazer
casas, barcos e muito artesanato.
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Entrada das Islas Uros, Puno, Peru |
Assim que o barco se aproximou, fomos recebidos com "festa" pelos uros que nos convidaram para sentar e, o presidente da ilha (cada unidade de ilha uros tem o seu), nos explicou a história desse povo, como construir uma ilha (e uma casa) de totora, como está dividida a vida dentro da ilha (casa, cozinha, banheiro, etc.) e nos apresentou um pouco da história do lago.
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Uros animados com a chegada do nosso barco, Puno, Peru |
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Uma chica ura, autêntica! Islas Uros, Puno, Peru |
No momento seguinte, as mulheres da ilha nos leva para visualizar cada pedacinho da ilha e mostrar o seu "trabalho". Eis que começa a ladainha: "
compra amigo, para ajudar!". É, nesse momento eles fazem uma cara de coitadinhos e insistem para que você compre o artesanato que "
elas fazem". Acabei comprando um réplica do
barco de totora (rsrs), que custava S$30,00 e paguei S$25,00 e uma
capa de almofada que custava S$25,00 e paguei S$15,00.
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Esse é o barquinho de totora que comprei. Islas Uros, Puno, Peru |
Depois, você vai ouvir a mesma ladainha, com um pequeno ajuste:"vamos amigo, passear. Vamos, para ajudar!". É o convite para você navegar em um barco de totora, por S$10,00.
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Barco de Totora, Islas Uros, Puno, Peru |
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Família de uros, Islas Uros, Puno, Peru |
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Vista aérea das Islas Uros, Puno, Peru |
Não fizemos esse "passeio". Ele duraria cinco minutos e nosso barco iria buscar os turistas que resolveram ir na ilha ao lado nele (que você pode descer para tirar mais algumas fotos). Ou seja, um passeio só de ida em um barco de totora, não achei que valeria a pena.
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Já na ilha vizinha, com o barco de totora ao fundo. Islas Uros, Puno, Peru. |
Quando começamos a retornar já estava quase sem luz mas ainda era possível observar a imensidão do
Lago Titicaca e observar as luzes da cidade que começavam a acender. Só nos restava aproveitar a vista e curtir o frio. Estava beeeem gelado nesse momento, ninguém queria ir na parte de cima do barco. De todo modo, é um passeio espetacular.
Foi uma das experiências mais marcantes de toda a viagem.
Desembarcamos e, ao caminharmos para procurarmos um táxi, avistamos lojas de artesanato na lateral esquerda do porto. Fomos até lá e descobri que paguei S$5,00 a mais pelo barco - levando em conta que negociei com na ilha e sem negociar no porto. Resultado: quando você for fazer esse passeio, deixe para comprar o artesanato na volta, em terra firme.
Começou a cair um pouco de chuva, ainda bem fina. Nessa região do
Peru costuma chover bastante. Leve um guarda chuva - na correria para não perder o barco, esquecemos no hotel. Conseguimos um táxi (por S$4,00) e saímos rumo ao hotel (ficamos no
Hacienda Plaza das Armas - que está "dentro" da praça principal), todos com muita fome. Nos demos conta que só havíamos comido no ônibus, por isso, minha mãe e a Dulce, começavam a sentir dor de cabeça.
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Calçadão do centro histórico de Puno, Peru |
Descemos em frente ao hotel e entramos para pedir uma informação à recepcionista: precisava saber onde estava o
Restaurante Balcones de Puno, já havia lido bastante sobre esse restaurante queria ir lá (você já vai saber porque). O problema é que eu também queria ter ido no
Ukuku`s para experimentar uma omelete de quinoa e tomar um café no
Café Tunki, que serve xícaras de café feito com grãos aclamados que são cultivados na parte tropical de Puno - tive que deixar para a próxima vez que for a Puno.
Com as instruções na cabeça, liguei para o quarto da
Rebeca para saber se ela gostaria de ir e descobrimos que ela ainda estava bem mal (do tal "mal da altitude" - lembrem-se que estávamos a 4.000 metros acima do nível do mar). Tivemos que ir sem ela (o que fez uma falta danada!).
No caminho passeamos rapidamente pelo
centro histórico da cidade e ficamos ainda mais encantado com esse pedacinho do
Peru, lamentando ter que partir na manhã seguinte. Muitas mulheres na rua oferecendo
casacos artesanais por US$1,00. Isso mesmo,
UM DÓLAR. Eu não acreditava naquilo, mas era verdade. Não deu tempo comprar, a fome era maior e estávamos sem moeda americana.
Quando chegamos ao
Restaurante Balcones de Puno ficamos um pouco apreensivos para entrar. Uma porta pequena e apertada que, ao olhar para dentro, você vê uma escada e uma cozinha (e as mesas?). Mesmo desconfiados, entramos e subimos às escadas. Uma surpresa: um grande salão com mesas reservadas e um pequeno palco. Esse era o primeiro segredo da fama do lugar: todas as noites, enquanto você come, há um
show de danças folclóricas. Aqui, vale uma informação importante sobre esta cidade: ela é conhecida como a
Capital Folclórica do Peru e a segunda cidade mais visita do país, perdendo apenas para
Cusco.
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Salão do Restaurante Balcones de Puno, Peru |
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Show folclórico, Balcones de Puno, Peru |
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Show folclórico, Balcones de Puno, Peru |
Felizmente conseguimos uma mesa, na lateral do palco (por sorte, sempre tem que reservar), e partimos para descobrir o segundo segredo: a culinária tradicional de Puno. Estávamos com tanta fome que, além de um prato principal para cada, pedimos: couvert, sopa e pizza - de entrada; sobremesa (a melhor de todo o Peru). Como estava com foco na quinoa, pedi um prato só por que ele viria com risoto de quinoa. Quando cheguei em
Cusco descobri que havia comido
carne de alpaca - uma espécie de llama (#tenso).
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Filé de Alpaca. Balcones de Puno, Peru |
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Sobremesa: Sorvete de Quinoa, feito no próprio Balcones de Puno, Peru |
Acho que o salão poderia ser redimensionado para dar melhor visibilidade do show à todas as mesas. Mas ok, para uma noite de jantar e imersão na cultura e folclore do Peru, vale muito ir lá. Quanto ao custo? Nada exagerado. Pagamos
S$200,00 (duzentos soles) dividido
para quatro pessoas. Vale ressaltar que
o show é grátis. Encantados com tudo dessa cidade, tivemos que caminhar (por três quadras - essa era a distância de lá até o hotel) na chuva. Foi muito divertido, apesar do frio.
Ah, como eu queria mais três dias para ficar por ali, desvendando cada cantinho dessa cidade surpreendente. Mas não seria possível. Nosso ônibus para
Cusco partiria às 07h00 do
Terminal Rodoviário, era preciso dormir e preparar o psicológico (
certo, Dulce?!) para 12h de ônibus.